Custos mais baixos e alto rendimento trouxeram mais pilotos à categoria, cuja criação foi incentivada por Kolberg. "Criei um monstro", brincou
A carreira de Klever Kolberg é rodeada de pioneirismos. Foi ele um dos primeiros brasileiros a se arriscar no então desconhecido - e perigosíssimo - Rally Paris-Dakar, em 1988, ainda de moto, para depois trocar as duas pelas quatro rodas; foi o primeiro a estimular o uso de combustíveis renováveis e não poluentes nas competições e foi o maior incentivador da criação da categoria Experimental no Dakar (em 2010) e Pro Etanol no Sertões - foi também o primeiro a vencer tal categoria na competição nacional.
E, de fato, a criação de uma categoria exclusiva para carros movidos pelo combustível derivado da cana de açúcar trouxe um novo estímulo aos competidores que desejam se aventurar por dez dias e pouco mais de quatro mil quilômetros pelo sertão brasileiro. Este será o segundo ano da categoria Pro Etanol no Rally Internacional dos Sertões, que começa no próximo dia 9 em Goiânia (GO) e percorrerá dez cidades até chegar em Fortaleza (CE), no dia 19.
A prova disso é o aumento do número de competidores inscritos na categoria, que tem em Kolberg seu expoente máximo. O experiente piloto do Valtra Dakar Eco Team, além de campeão da prova entre os carros a etanol, foi também o vice-campeão do rali no geral, entre todos os carros, provando ser viável trabalhar para lançar menos poluição e ainda assim manter um desempenho que permita ao veículo lutar por vitórias.
Pioneiro na utilização de combustíveis renováveis e na preocupação com impactos ambientais, Klever foi um dos maiores incentivadores na criação da categoria para carros movidos a etanol tanto no Dakar como no Sertões. E a iniciativa mostrou-se um sucesso. "O campeão geral no ano passado usou etanol, mas não contou como vencedor da categoria específica pelo fato de usar de uma mecânica mais elaborada do que a estipulada por regulamento", disse. "Mas isso provou o sucesso do combustível, que ele traz melhor rendimento, polui menos e não é derivado de petróleo", completou o dono de 23 participações no Dakar e 11 no Sertões - com três títulos nesta última.
"Este é o cerne de todo o projeto", destaca Klever. "As vantagens são muitas, e isso tem atraído mais gente para a categoria", afirmou. "Você polui muito menos, tem um carro de ótimo desempenho, e ainda por cima gasta apenas uma parcela do que as equipes oficiais, por exemplo, investem", enumerou. Boa parte dos competidores parece ter entendido a mensagem, e o número de inscritos na Pro Etanol subiu. "Ano passado muita gente preferiu ver de fora como seria, mas com o sucesso que obtivemos, muita gente resolveu aderir", lembra.
"Os custos são muito mais atraentes", diz Klever, que cita exemplos. "Um carro básico da categoria Pro Etanol custa por volta de R$ 160 mil; um carro top, como o usado por equipes oficiais de fábrica, e principalmente os carros que se encaixam na categoria T1 FIA, custam por volta de R$ 2,5 milhões", compara. "Isso te dá muito mais recursos para trabalhar no desenvolvimento de um carro que já é bom por natureza, e tem muito mais espaço para receber melhorias", justifica.
O "problema", segundo Klever, é que a credibilidade do projeto e da categoria atraiu mais duplas. "Criei um monstro, e agora terei que trabalhar ainda mais para permanecer na frente", brincou.
Sobre Klever Kolberg: Engenheiro, palestrante e piloto. Pioneiro brasileiro no Rally Dakar, onde já representou o Brasil por 23 vezes. Klever começou no Dakar competindo de moto, entre 1988 e 1996, sagrando-se campeão da categoria Motos Maratona em 1993, ano em que foi o quinto colocado no geral. A partir de 1997 passou a disputar o Dakar entre os carros, obtendo o título vice-campeão na categoria Carros Maratona em 1999 e 2000 e na categoria Carros Diesel em 2002. Também é pioneiro e criador no Dakar da categoria Experimental para combustíveis limpos, onde em 2010 foi o primeiro a utilizar Etanol de Cana de Açúcar como combustível. Na maior prova off-road do país, o Rally dos Sertões, Klever é bicampeão da categoria carros e foi o campeão da categoria Etanol em 2010, tendo sido o vice-campeão na classificação geral.
Sobre Flavio Marinho de França: Cirurgião-dentista e navegador, começou competindo com motos em 1992, nas modalidades de Enduro de Regularidade e Rally Cross-Country. Em 1995 passou a competir também com carros como navegador em provas de Rally de Regularidade e Rally Cross-Country. Em 2009 passou a competir também em rallys náuticos com barcos. Flavinho, como é mais conhecido, participa do Rally dos Sertões desde 2003 quando foi campeão na categoria Production Gasolina ao lado de Paulo Buda. No Sertões 2005 foi campeão na categoria Super-Production Diesel ao lado de Riamburgo Ximenes, em 2010 foi o campeão da categoria Etanol ao lado de Klever Kolberg, tendo sido o segundo na classificação geral. Flavio é Bicampeão do Rally Cerapió (2006 e 2007), Campeão do Rally RN 1500 em 2003, Tricampeão Brasileiro de Rally de Regularidade (2003, 2004 e 2006) e desde 2008 é organizador de provas de Rally de Regularidade no RN.
O Valtra Dakar Eco Team é patrocinado pela Valtra, e apoiado por Borrachas Vipal, Banco Fator, Veolia Water, Artfix, Sparco, Dakar Inovação, Arycom e Unica.
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